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quinta-feira, novembro 29, 2007

Sem palavra ou sem juízo?

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Com todo respeito, mas existem ministros que em vez de soluções só levam problemas para o presidente Lula. Guido Mantega, da Fazenda, é um deles. Não tinha nada que ficar prometendo o impossível aos senadores do PSDB, buscando convencê-los a votar a prorrogação da CPMF. Chegou a jurar que ainda este mês o governo enviaria ao Congresso projeto de reforma tributária.
Ignora-se se os tucanos acreditaram, mas aproveitaram para pegar o ministro na palavra. Não se passaram duas semanas e eis que o prêmio Pinóquio entra outra vez na ordem do dia. O próprio Mantega voltou atrás, dizendo que reforma tributária só no ano que vem. Forneceu a pelo menos quatro senadores do PSDB o argumento que precisavam para unir-se ao restante da bancada e anunciar o voto contra.
Lá vai o presidente Lula tentar recompor os cacos do vaso quebrado, porque não soube da promessa de a reforma tributária chegar ao Congresso até o dia 30, uma inviabilidade explícita, mas não tem como mandar seu ministro para o pelourinho. Seria pior.
Está o governo acusado de não ter palavra, o que é verdade, mas sob o risco de também não ter juízo. Porque a reforma tributária, se é uma necessidade, talvez se constitua na mais polêmica das iniciativas para os detentores do poder. Ninguém se entende, dentro e fora da administração federal.
Todos querem mudanças, todos insurgem-se contra a escandalosa carga fiscal que nos atinge. Entre tecnocratas, empresários, assalariados, contribuintes, governantes e eleitores, todos querem que o vizinho do lado pague, só que ninguém quer pagar.
Antes de preparar um texto-base da reforma tributária o Palácio do Planalto deveria promover amplo debate nacional. Ouvir os interessados até a exaustão. Discutir cada sugestão. Jamais elaborar, como anunciou o ministro da Fazenda, um projeto secreto, feito no recôndito dos gabinetes da Esplanada dos Ministérios, iniciativa agora felizmente afastada. Mas com o ônus de haver sido revogada a palavra dada.
Tenham paciência...
Anunciam os sindicatos dos trabalhadores em empresas aéreas a iminência de uma greve geral destinada a atormentar festas e férias. A paralisação aconteceria no fim do ano. Que a categoria tem razão em pleitear a recomposição salarial, nem se duvida. São explorados, trabalham bem mais do que as oito horas diárias, submetem-se a desgastes emocionais permanentes no trato com os usuários, e ganham uma miséria.
Todos os mecanismos de pressão sobre os patrões parecem válidos, menos um, a greve. Precisamente o que se encontra próximo de decretar. Porque a greve atingirá a população. Fará repetir os abomináveis acontecimentos que acontecem há um ano nos aeroportos do País. Multidões exasperadas e abandonadas, vôos cancelados e atrasados, gente dormindo no chão ou arrastando-se em filas quilométricas.
Certas atividades precisariam estar protegidas das paralisações. O transporte aéreo é uma delas. A paciência dos usuários tem limite. Um dia desses partirão para a depredação dos aeroportos. Se for durante a greve dos trabalhadores em empresas aéreas, a quem mandar a conta, senão para eles?
É bom tomar cuidado
Mesmo sendo brasileiro, Deus de vez em quando tira férias. Não faz muito, no estádio de São Januário, no Rio, a multidão lançou-se sobre um alambrado podre e foi o diabo. Não há quem esqueça as imagens. Pouco antes, no Maracanã, havíamos visto episódio igualmente dantesco, de centenas de torcedores caindo da arquibancada sobre a geral, por deficiência da grade colocada para contê-los. Agora, na Bahia, desmancha-se parte da estrutura do estádio da Fonte Nova, engolindo torcedores, também com mortos e feridos.
Essa última tragédia acontece pouco depois de o Brasil haver sido escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014. A imprensa internacional continua divulgando flagrantes que só nos envergonham. Não se duvide de que, se não começou, começará em breve a campanha de países europeus para a Fifa rever a decisão. Claro que muitos se empenharão na revisão por motivos bem diversos do que a preservação da vida e da saúde dos torcedores. Há muito dinheiro em jogo.
Poderão não conseguir a transferência da sede do campeonato, mas serão capazes de prejudicar o evento, pregando a ausência de turistas dispostos a vir ao Brasil. Ainda mais se os visitantes, nos intervalos entre as partidas, planejarem caminhadas na orla marítima, como a infeliz família italiana assaltada em Ipanema, que acabou perdendo um filho.
Os episódios verificados em Salvador e no Rio, no fim de semana, levam a uma constatação fundamental: chegou a hora de nos tornarmos um país sério.
Volta por cima
A menos que sobrevenham inusitados, está salvo o mandato de Renan Calheiros. A Comissão de Constituição e Justiça decidirá pela constitucionalidade do processo aberto contra o senador alagoano, por quebra do decoro parlamentar, mas o plenário, no julgamento do mérito, decidirá pela ausência de provas a respeito dele ser proprietário de duas emissoras de rádio em seu estado.
Quando os senadores se pronunciarem, aliás, pelo voto secreto, Renan já terá renunciado à presidência do Senado. Aumentará o desgaste que o atinge, apesar de conservar o mandato até janeiro de 2011. A pergunta que se faz, assim, é que rumos tomará o senador, com vistas a 2010. Serão duas vagas para o Senado, além de uma disputa para o governo estadual, em termos de eleições majoritárias.
O atual governador, Teotônio Vilela, terá direito à reeleição, se as regras do jogo não forem mudadas, tornando-se provável, assim, que Renan pleiteie renovar sua cadeira no Senado. Para isso estará se preparando já no ano que vem. Poderá ser encontrado com muito mais facilidade nas Alagoas do que em Brasília.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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