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sexta-feira, novembro 30, 2007

Intransigência tem hora

Por: Carlos Chagas


BRASÍLIA - Os companheiros não gostaram nem um pouco da declaração do presidente Lula, em entrevista recente, admitindo que o candidato à sua sucessão, em 2010, possa pertencer a outro partido que não o PT. Entendem que essa hipótese já havia sido aventada pelo presidente e não deveria ter sido repetida, como uma espécie de lição que o professor insiste em transmitir aos alunos.
Na convenção nacional do fim de semana será enfatizada pela totalidade dos oradores a importância de o partido apresentar candidato próprio e, nas entrelinhas, a obrigação de Lula acatar o nome de quem vier a ser indicado. Apesar de reconhecerem a liderança inconteste do presidente na condução do processo sucessório, os cardeais petistas insistem na premissa de que o candidato provenha de seus quadros.
Lula, demonstrando percepção e tino político para não ser derrotado, abre desde já a possibilidade de apoiar um não-companheiro. Os petistas não são bobos, também admitem carecer, hoje, de um candidato capaz de ganhar a eleição. Acham, no entanto, perigoso reconhecer desde já a realidade. Seria entregar o ouro ao bandido. Até porque, supõem a viabilização de um nome do PT até as eleições.
Milagres costumam não acontecer, tendo em vista as pesquisas mais recentes. Nem Dilma, nem Marta, nem Patrus, nem Tarso, ao menos por enquanto, credenciam-se para enfrentar os tucanos representados por José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin.
É aqui que mora o perigo. Se as coisas não mudarem, quanto mais o tempo passar mais a perspectiva de perda do poder pesará sobre o PT. Nesse caso, mais crescerá a tentação do terceiro mandato, apesar das seguidas manifestações do presidente Lula em sentido contrário.
Ciro na pole-position
Para continuar no assunto: quem poderia ser o candidato não-companheiro apoiado pelo presidente Lula? Por enquanto surge apenas o nome do deputado Ciro Gomes, do PSB. Taticamente, ele mergulhou. Nem discursos tem pronunciado na Câmara, muito menos viagens pelo País, que costumava fazer. Sabe bem o ex-ministro da Integração Nacional das resistências do PT à sua ou a qualquer outra possível candidatura de aliados. A idéia é não provocar e, se necessário, engolir sapos. Caberia ao presidente Lula enfrentar o próprio partido, no momento certo.
Só que tem um problema: Ciro possui estopim curto. Não é homem de concessões demoradas. Se vier a ser provocado, reagirá. Sua disposição é de candidatar-se, com ou sem o apoio do PT. Seus amigos trabalham com hipóteses diversas, até mesmo a dele passar para o segundo turno junto com José Serra, tendo o candidato ou a candidata dos companheiros ficado pelo meio do caminho.
Nesse caso, o PT estaria obrigado a apoiá-lo, mesmo sem querer. Todas as formulações se fazem, é claro, diante da preservação das atuais regras do jogo. Porque se vier a ser aprovada a proposta do terceiro mandato, tudo muda de figura. Provavelmente, nem haverá segundo turno...
Água e azeite não se misturam
Não é preciso ter diploma de cientista para perceber que água e azeite não se misturam. Sendo assim, como compatibilizar o prêmio dado ao Brasil pelas Nações Unidas, incluindo-nos no grupo de países de elite, em matéria de qualidade de vida, com a conclusão de que, aqui, é onde mais se acentua a desigualdade entre pobres e ricos?
Se qualidade de vida se mede pela queda da mortalidade infantil e pela teimosia dos velhinhos em adiar sua partida para o além, ótimo. Mas se o fator de aferição for o número de indigentes que recebem o bolsa-família, nada feito. Essa esmola que beneficia 20 milhões de brasileiros não será, propriamente, sinal de prosperidade social. Para não falar nas comunidades cada vez mais desligadas das instituições formais, nas favelas e periferias das grandes e das pequenas cidades, criando e vivendo suas próprias regras e até seus próprios governos.
Assim como quando do anúncio repetido da descoberta do megacampo de petróleo e gás no litoral Sul, dias atrás, começamos a assistir novos festivais de propaganda governamental nos diversos veículos da mídia. Com a Petrobras à frente, propaga-se nossa transformação em paraíso petrolífero e, também agora, como elite em matéria de qualidade de vida. Estão querendo misturar água e azeite...
Objeto não identificado
Há duas semanas o ministro da Justiça, Tarso Genro, anunciou que ainda este ano o governo encaminharia ao Congresso um projeto de reforma política, abrangendo a fidelidade partidária, o financiamento público das campanhas eleitorais, a votação em listas partidárias e outras iniciativas.
Tratou-se de sensível reviravolta na estratégia oficial, pois desde sua primeira posse que o presidente Lula vinha acentuando ser a reforma política um tema da alçada exclusiva do Congresso.
O problema é que de lá para cá nem um sussurro se ouviu a respeito. Quem estará elaborando o projeto? Presume-se o ministro Tarso Genro, mas que líderes foram convocados para ao menos tomar conhecimento das propostas? Quais os presidentes dos partidos da base governamental que vêm colaborando?
O que pensa o governo a respeito da controvertida tese da votação em listas partidárias, nas eleições proporcionais? Serão listas fechadas ou se abrirá também a possibilidade do voto fulanizado? Teria o Congresso liberdade para ampliar o projeto, incluindo nele outras alterações político-eleitorais? Tem um objeto não identificado voando no céu de Brasília...
Fonte: Tribuna da Imprensa

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